sábado, 20 de novembro de 2010

Talvez deva eu aprender com o instante

"A Eternidade é muito longa.
E dentro dela tu te moves, eterno."

Cecília Meireles

Talvez deva eu aprender com o instante

o que deveras falso se eterniza ausente
e findar a passada erma em obscura trilha.
Porém errante e incauto insisto – des(a)tino.

Os passos, instantes de descompassado solo,
calçam as pegadas do etéreo urdir:
pulsante e vaga, a ponte ergue-se rota
e o incerto sopra a derradeira queda.

O instante é tábua frouxa da trágica
ponte, que distante me faz do outro lado.
E, errante, a caminhada persiste, em si,
silente e tímida, em temerosos embalos.

Mas (per)sigo. Que cada pisar seja lato campo
de fofa terra; que cada andar seja a breve brisa
da fatal queda, esquecida e vivida no voo
de pés que de calos elevam-se ao Eterno.



Um comentário:

  1. Confesso que eu estava procurando algo para ler neste fim de noite...
    E deparei-me com seu poema.
    Simplesmente de mais!
    *-*

    Abraços!

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