terça-feira, 24 de maio de 2011

A uma pequena que chora

Para Yasmine Spínola


Quando vi a dor arder minhas mãos, vinda
de teu discreto choro, desejei o castigo
de pregos em meus pulsos cegos de cuidar.

Impotente em minha cruz de ofícios te desvi,
pequena, que mal suportava a triste enchente
que, muda, te transbordava. Me afogava.

Agonizo agora na secura trêmula de minha alma,
queimando meus olhos inúteis de tocar. A derramar
minha única gota que insiste, no eterno de te sentir.

Minha face injusta esqueceu-te, e agora chora,
pois tua súplica foi mero pó na minha tormenta
de silêncios a te destruir, doce pingo de alvorada.

Mas sei do grande rio de tua vida, tropeçante em sombras,
porém firme, tal ampla trilha de duro chão, onde tu,
pequena, segues. Tuas lágrimas contarão teu mar de vitórias.

Vejo minha grande ilusão em pensar-me consolo, calmo regato
a lavar teu pesar, e seco a gota de lamento por ti. E, então,
derramo meu sangue em suas águas – teu perdão, minha oferta.