quarta-feira, 12 de março de 2008

Escalando a Montanha



Para um dos 'novos' pecados capitais:
a desigualdade social.


Há uma Igreja em minha frente.

Gente chegando,
carros parando,
Logo a casa se enche.
Fiéis
levantam mãos,
queimam o fogo em suas almas.

Está frio aqui fora.

A hóstia é passada.
Tem para todos
Menos para mim...
O vinho é passado:

eu só queria água...

Um choro.
Pena,
raiva,
dor.

Chove muito.
A casa de Deus é quente,
aconchegante,
mas não entro.
Não se entra na casa
dos outros
desarrumado.

Bem-aventurado o que chora,
porque ele será consolado.

A chuva pára.
Alguém se aproxima,
andando pela rua,
em minha direção.

Um pão!
Um copo de água!

Pessoas saem da Igreja.
Voltam a seus carros,
seguem seu caminho.

Suas almas queimaram de fé
lá dentro.
Nada sobrou para cá fora.

O homem que veio a mim
está aqui ainda.
Já os outros que rezam o terço

Não estão acompanhados.



terça-feira, 4 de março de 2008

Tudo por causa de um show



Claro que minha intenção inicial era apenas ir para o show da banda que mais admiro nesse mundo: Iron Maiden. Mas um ingresso de 185R$ me deu muito mais do que eu poderia pagar, ou merecer. Começarei falando da viagem em si. Foi a 'primeira' vez que fui para outro estado (já viajei para SP, mas eu tinha uns 3 anos. Aí nem conta). É uma experiência única viajar para um lugar desconhecido, mesmo que seja por pouco tempo. Você cresce, passa ver os outros (e você) de forma diferente. Ainda mais se falando de uma cidade tão grande (puta merda! Grande pra caralho!).
Mas o que faz a cidade viver são as pessoas. E essas que me fazem esrever esse texto agora. A princípio, eu iria ver o show sozinho. Não fazia questão alguma de ir com uma galera, cachorro, papagaio, uma companhia, enfim. Mas, graças ao MSN e ao destruidor de casais (Orkut), conheci um pessoal que fez valer ainda mais minha ida pra São Paulo. É bonito ver que todos tem em comum a paixão por uma banda e o esforço de ver um show tão importante como foi esse.
Mas, do mesmo modo que cada um desses meus novos amigos se esforçaram para ter o ingresso em mãos, eles deram um jeito de reunir o máximo de conhecidos. Sol, sede, calor (dos infernos!), vontade de fazer xixi, raiva por não ter levado máquina fotográfica, esqueci isso tudo quando estava lá com essa galera. Passei a valorizá-los muito mais do que muita gente que estudou comigo e que vive aqui em minha cidade.
Distância é o que dizem que há quando se deixa esquecer o que se é importante. Tanto esse show, quanto esses momentos que passei rindo debaixo de um sol miserento, foram de igual alegria para mim. Tão importante quanto o show de sua vida, são os amigos que agora são sua vida também.

Obrigado!