quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Apanhadores de estrelas



A gente brinca com o Sol que não existe.
Uma estrela de talvez e querer que carregamos desde pequenos,
como uma bola, boneca
ou amigo imaginário.

De um nada multicor, enxergamos a luz espalhar-se em coloridos
nossos.

São cores que voam, perdidas, pela infância,
E nos acompanham, até quando o fôlego dos pincéis de sonhos secam.

E continuamos a brincar, mesmo havendo apenas cinza

pois, mesmo mortas, as estrelas iluminam o infinito
sem nos dizer de seu silêncio.



Mergulho do ilhado II



Havia outra costa, cuja vista, amarela e seca, pescava com dificuldade.
O pulo, cego no azul, afogava-se em desesperos.

Mas nenhuma braçada toca a outra ponta do mar.
Apenas a falta de fôlego, a vista turva – vertigem.
Meu corpo se desfaz no ar que falta e na imensidão faminta,
pedindo seu olhar perdido.

Longe, a  areia esvoaçava com o vento mudo, ignorando a travessia. 

O chão – esse mar de naufrágios – não cabia minha ida.
Não cabia sequer a gota de suor a derreter esperanças. 

Os olhos, marejando sufocos, solitários cavavam a tranquila maré
daquela faixa de terra, virando pó, abraçada ao pôr-do-sol.