domingo, 27 de abril de 2014
O ar de rosas
Cego de cinza, eu calçava passos
de desquerer, descrentes de sol.
E pedras crispavam pés
em labirintos silêncios.
Mas um rosa cheirou meus olhos,
Pintando uma mão, fio dourado
a trançar-me sorrisos.
Caído o claustro, cavo o céu
de pétalas, planto confortos
e colho um peito a riscar-me.
Aspiro o decalque do que,
desvisto, acreditei apagado:
olhos de só azul, iluminados –
cores que dele saem, infinitas
e o perfume de querer aquarelas.
segunda-feira, 21 de abril de 2014
Voo abissal
De nadar cansei, com braços de nadas,
estendendo o olhar para qualquer azul:
única força a tanger a tormenta,
enquanto a carne flutua - pesada.
A vista voa feito vela a a vestir ventos,
vagando solta da voz que afunda - vazia.
E o corpo pende no fio do espelho d'água,
profunda pedra a perder o peito que pulsa.
E se me perco de mar, martírio de ser,
deixo olhos do que vi lá, em outro azul.
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