domingo, 4 de setembro de 2011

Alforria (ou Para alguns, indiferença)



Engana-te se te pedi os olhos para que visses meu coração. Peço calma – por ti, por mim –, nada mais. No entanto, sinto vir de ti a insânia que inunda de sangue teus olhos, sem perguntar se carrego lenços ou alentos.

Engana-te se te fiz sentir inteira. Foram tuas lágrimas vermelhas que turvaram teu corpo sedento de Todo. A seca que carregamos apenas nos permite gotas para dar mais um passo. Não toda a estrada.

Engana-te se um dia algo falei. Pois se falasse, seria em teus olhos, boca, ouvidos e em tudo mais que pulsa. Mas apenas foi o vazio. Que sempre mostrou-se impossível para teu sangue – tua saliva de suicida – que escorria nas rugas do que outrora era vida. Era liberdade.