Para Laís Rabelo
Tocarei todas as canções que peças,
mesmo que, silente, te desfaças.
Mesmo que, no descalço do amar,
o chão chacoalhe seixos da lonjura.
Tocarei todas as canções que peças,
ainda que mistério o acorde de teu peito,
ecoado na harmonia de tímidos olhos.
Tocarei todas as canções que peças,
mesmo que a mim nada peças;
teu silêncio – prenhe da maior ária –
alvora o universo que, mudo,
orquestra meu frágil canto.
Tocarei todas as canções que peças,
mesmo que a outros te dirijas.
Tu a outros arpejas notas que,
em mortos vibratos, cadentes,
dissonam tua dormida voz.
Tocarei todas as canções que peças,
mesmo que às estrelas eu toque,
rompendo o vácuo, tal trágico maestro
a romper a infinda fenda da surda súplica.
Tocarei todas as canções que peças
– as que não pedires, as que sonhares –
quando, em coro, valsas saírem do teu sorriso,
do teu gesto a reger o suave som da ternura.
Tocarei, sim, todas as canções que peças
mesmo que, num mudo Um-dia,
não mais careças que eu me dedilhe
na (ilegível) partitura de teu (en)cantar.
Amigo, você é magistral, seja em poesia, seja em prosa. Nossa literatura ainda está bem representada.
ResponderExcluirAbraços!
Muito bom, muito mesmo. =]
ResponderExcluirSó pelo título eu sabia ser bom
ResponderExcluirconcordo com Joyce, absolutamente despedaçadora...
ResponderExcluir"quando valsas saírem so teu sorriso..." muito lindo, querido, muito bom.
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