sábado, 8 de janeiro de 2011

A cama órfã



O vento a ferir de frio o triste peito

grita o coro errante da noite longa.
E ela – vejo! – a dançar o intocável
no sopro da eterna madrugada.

A cama velha range a insônia
de quem no silêncio se encobre.
O uivo vindo da janela geme
o pesadelo, que ao meu lado pousa.

E ela, vaga, desliza pelas folhas secas,
pelas gotas cadentes, pela vida a gelar,
despedindo-se no último tremor a me tocar,
a despertar-me pro trágico agora do Nada.

Cobre-me o véu noturno do sonhar
enquanto nina longe meu mais doce sentir:
meu berço entoa a cantiga surda do nome
que em corpo jamais em mim deitará.



9 comentários:

  1. sempre gosto muito do que leio aqui.

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