sábado, 19 de fevereiro de 2011

Despedida do navegante

“Dois navegantes perdidos no cais...”
Lenine, em Distantes Demais

Não sou a calma para que deites teus olhos:
aqui estou, mas as tormentas do Agora
vibram os velames frágeis de meu andar.

Veja as águas sem terras, sem ao menos ilhas ignotas.
Sinta o vento em ti uivar o choro da erma odisseia
que de ti me cortas e onde afundo, surdo por sereias.

Não faças desta podre proa teu horizonte, pois, fatal
e constante, o Tempo a afunda. E te inundará com as
lágrimas que carregas – o mar onde nunca poderei navegar.

De ti ficaram os pés descalços na primeira areia em que pisei:
ficou o punhado que trago num mar sem Norte, sem futuro.
Porém são as águas que me embebedam, nômade.

De mim não deixo mais do que essa gota de maremoto, essa
maresia a turvar teu ar e teu peito. E me despeço, triste,
no impossível de dar-te a maior bonança, que em mim se ausenta.



6 comentários:

  1. Por ela

    Perdera- era a
    perdedora.Repara
    como anda, não lembra
    uma onda morta de medo
    pouco antes de
    desabar sobre a areia?
    Você se pergunta:o
    que pode fazer por ela
    o poema?Nada,calar
    todos os seus pássaros
    ordinários - o que lhe
    soaria como bruscas
    freadas de automóvel.
    Se ele pudesse abraçá-la
    em não abraçá-la.Mas
    ainda assim a quer
    reviver e captar,faz
    os olhos dela brilhar
    numa assonância boa e,
    invisível, faz o corpo
    dela o seu.Repara
    ainda um pouco.Mais
    do que se pensa,ele a
    perdeu:com a areia do
    seu deserto amoroso
    ergueu-lhe sua
    triste ampulheta.Fim.
    Perdera
    era
    o

    Voltei ;)

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  2. Agora não restam dúvidas =}

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