Aos velhos amigos
Vendi o passado, pois o dinheiro valeria para nascer o futuro. Na prateleira, revia a peça, que alguns trocados facilmente valeriam o câmbio. Mas provavelmente não haverá compradores (agora sei o desprazer de ganhar um brinquedo usado – os bonecos já vêm pintados de fantasias alheias). Espero o troco da venda, num misto de esperança e desespero. Moedas caem, ao invés de em minhas mãos, no chão – o preço da esmola. Espaços vazios na mente e minguadas moedas mantidas na mão – agora me dirijo à rua.
De fora, vejo a vidraça que separa a venda da calçada. Estranhamente, o passado, tornando-se distante de mim e parcialmente turvo aos passeantes, acenava cenas que antes eram minhas. Brigas bestas de amigos enciumados, expulsões hilárias de uma aula, uma excursão, piadas idiotas sobre fatos antigos, entre outras imagens que, foscamente, surgem do passado agora opaco.
A gente ria por cada besteira.
Eu forçava a vista para conseguir enxergar, mas a pressa fazia os trilhos de asfalto me arrastarem pra dentro da locomotiva do ofício. Ainda pensei em voltar, mas já estava seguindo a marcha. Os trocados não renderiam – e eu não via a última estação desse trem.
Não lembro mais o que deixei à venda – mente sem passado não pare memórias. Meu bolso diz que não valia muita coisa o que ficou. No andar pelas ruas, vejo alguns jovens conversando alegremente. Continuo meu caminho.
A gente chora por cada besteira.
Saudades sempre. Risos sempre. Lágrimas também.
ResponderExcluircertamente choramos, rimos e fizemos do nosso passado uma gostosa lembrança no presente. Presente que pudemos observar no dia 08/08, quando apesar da distancia entre todos nós o tempo parecia ter parado, e naquele instante eu senti que estavamos todos nós na nossa velha escola, sentados no mesmo banco e puxando o mesmo papo...
ResponderExcluirAmo vocês d+... Nunca se esqueçam disso!
Maiana
Bonito isso!
ResponderExcluirtb gostei muito!
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