sábado, 21 de agosto de 2010

A Grand Rave




Cortado o Ser foi do cordão umbilical da ludibriante mãe Fortuna, que, desnaturada, ninava o Indivíduo ao embalo de um suave réquiem. Órfãos do completo, equilibristas caídos do Telos: os cacos de um agonizante eu agora se diluem esparsamente nas lágrimas do incerto e se distorcem nas batidas surdas de luzes e delírios de uma grande festa. A linha que ritmava a humanidade é sua forca, com seu nó sendo atado na curva do vazio, grande cosmos a orquestrar o efêmero dos cadentes.

Nas cavernas discotecadas, onde as sombras agora dançam com luzes negras ao som do trance, Platão frita ao sabor de sua estragada bala de Ideias. Cópias e sombras virtualizam as roupas de gala da criação, desnudando o original no seu raquítico e anêmico corpo, hilária verdade que se perdeu na primeira caverna.

E assim brinda-se o frágil sabor do instante, cantado pelo coreto dos liquefeitos restos daqueles que bebem.




Porém, um breve brinde. Pois, na Grand Rave, os alcoolizados de si dançam em círculos ao som do psy-pós-réquiem, buscando a conexão com um virtual Nirvana, enquanto a lama, com a desconcertante dança, transmuta-se no barro da Descriação.



6 comentários:

  1. Obrigado pelo comentário no meu blog. Estou passando aqui pra retribuir a visita!
    Abraços

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  2. Comecei a ler esse post há uns dias. Parei na metade, pq estava me perdendo demais, achei que era coisa do momento. Tentei reler novamente agora e não adiantou. Seu nível textual está extrapolando minha capacidade intelectual. Isso é um bom sinal...pra você! =P

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