quinta-feira, 21 de abril de 2011

O chão da alma



De súbito, a amplidão acenou em mim a esperança,

inundando o clarão a fraturar as sombras de meus olhos gastos
de se fechar, que, por pouco, perdiam-se no estagnado.

Ignorada é a dor que antes trilhava desfiladeiros na turva jornada:
a Morte, na velha carroça que em minhas mãos insistia,
era a guia dessa densa noite de desterros.

Porém, interminável na vista, o planalto
marca nos meus pés a indomável rota, resoluta e mística.

Eu, cego de luzes, sou envolvido pelo Tudo a firmar meus passos,
sujos da grande terra fértil, tingida pelo vermelho do intenso sol.

Agora céu e chão – unidos no voo incerto e vivo – levam
as areias do tempo (o mais esquecido longe),
e eu, nos ventos da Iluminação, sigo para o mais inóspito solo –
que de verdes arboresce e de auroras avermelha-se:

a terra assentada em minha alma, desabitada no silêncio do [desvisto
e que, na sede de êxtases, abre-se, num claro peito, que em [venturas
planta-me num outro nascer, alado, incontido. O Infinito.



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