Olho, calçando a luz de um sol em despedida,
voltas turvas e várias de um vermelho borrado.
O pincel que a criança deixou cair
escondeu-se numa velha alma
que rascunha com gastas vistas,
com cinzas e duras tintas.
A paleta secava o tempo
com o pó das tintas mortas:
poeira que maquiava o silêncio
na face branca, vazia.
E uma pedra de carvão
arrasta-se na tela poente,
no difícil risco
de um querer gasto.
Em vermelhos e pretos,
escorre toda a matéria,
espalhada por um sopro.
Você, imagem disforme,
desfaz-se, num amar-além,
ar que o futuro sussurra,
que apenas restos leva –
vontade que rabiscou o nada.
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