sábado, 23 de agosto de 2008

E não sabe que voou


Duas leves mãos. Apenas isso me restava. De tão leves, voaram. Para longe. As mãos que alisam acenam um ‘Adeus!’. Seguram-me, e empurram. Agora, nada fazem; antes tateavam levemente um coração e tapavam sua boca, a fim de que não houvesse mais choro. A pressa de agarrar e manter como seu não mantém essas tão flutuantes mãos perto. A força não segura o que não pode abarcar. Aquele que sempre foi cego tinha no suave tato a vida. Tinha talvez o que nunca foi, de fato, seu.

Tem agora mãos em súplica e algo que voltou a lamentar;
tem agora o que nenhuma mão quer segurar – a própria morte.




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