quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Traga o Eterno a silentes grades

“Se puder ser maior que se confunda com o mar...”
Violins, em O Pregador


Livra-te da gota fria a traçar exílios,

a desenhar o claustro na fechada face.
A tormenta de vagas lágrimas faz náufraga
a bonança de teu azul suspirar, que sopra nas
velas nortes abertos em rosas de floridos ventos.

O triste que escorre incerto do teu ermo olhar
não é mais que espelho do que desditoso te encerra.
E o cálice que guardas, na pretensão da segura espera,
enchido do seco sofrer, a ti apenas servirá na desolada
entrega ao véu metal do esquecimento.

Dispa-te da cinza ossada e deixe, pela fresta turva
do corpo, passar vibrante o silente clarão do Infinito.



Um comentário:

  1. Grande Alex, lá na Universidade, dentre os que escrevem (ou são tocados pela Musa) você e Rodrigo Maciel (conhece?) está com um passo à frente dos outros. Você possui o sopro poético, sente e exprime na certeza do poético sugerido. Este poema, de expressão simbolista revela teu estro na busca da sugestividade, da imagem e do temas altos.

    Questões formais são meramente o barro de que reveste o poema, é claro que os poetas devem se ater a isso, mas é algo subjacente ao expressar poético, além do estilo de cada um.

    É bom vir aqui, onde os temas de relevancia do ser humano são tocados, mais interessantes e importantes que a temática social, ao meu ver, quase sempre arrevesadas e parciais. Um abraço e boas festas! Claudio!

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